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Os três pontos cegos do OKR

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artigos@justicaemfoco.com.br 04 de novembro de 2025
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Por Pedro Signorelli

O OKR se tornou uma das ferramentas mais populares de gestão, mas também uma das mais mal compreendidas. O erro não está nela em si, e sim em como ela é aplicada. O que nasceu para ser um motor de estratégia muitas vezes vira burocracia, um ritual trimestral sem propósito. Já apareceu CEO de empresa que abandonou os OKRs por serem burocráticos, como se a culpa fosse da ferramenta e não de como estava sendo usado. Ao longo dos anos, percebi três pontos cegos que explicam por que o OKR falha mais do que acelera:

  1. A Síndrome do Post-it na Parede (Burocracia vs. Cultura)

Tratar a gestão por OKR como planilha ou checklist é matar a ferramenta. Não adianta copiar o Google se sua empresa não tem a cultura de transparência e aprendizado que sustenta o sistema. Quando os times só “atualizam metas” a cada trimestre, o OKR perde o sentido.

O que falta é transparência abundante, todos devem enxergar os OKRs de todos, e colaboração genuína. Metas não podem vir 100% de cima; precisam nascer também do time que executa.

  1. O Alinhamento Desalinhado (Desdobramento Falho)

Muitas empresas confundem resultado com atividade. “Lançar 3 campanhas” não é um KR, é uma tarefa. O KR deve medir valor: “Aumentar conversão em X% através das campanhas”. Quando se mede esforço, perde-se impacto.

Falta treinamento para escrever bons KRs, claros, mensuráveis e voltados ao resultado, não volume de trabalho.

  1. A Ambição Inibida (Metas Fáceis e Medo de Falhar)

Quando a empresa define metas que já sabe que vai bater, mata a ambição. Se você atinge 100% sempre, é previsível e está deixando crescimento na mesa. O sucesso do OKR é alcançar 70% de algo realmente desafiador.

É preciso criar espaço para o erro planejado: mirar alto, aprender com a tentativa e celebrar o progresso, não apenas a perfeição. Se você pune quem erra, não vai ter pessoas ambiciosas e felizes, em busca do difícil. 

O OKR é, em sua essência, uma ferramenta de transformação cultural, além de ser uma de gestão. Ela só funciona quando usada para provocar conversas honestas sobre o que importa: o que está funcionando e o que não está. Não é só sobre planilhas, dashboards e templates, é sobre criar clareza, promovendo autonomia e cultivando ambição. O segredo para sair dos pontos cegos não está na próxima planilha, mas sim no letramento contínuo e na coragem da liderança de usar a transparência para, de fato, gerar alinhamento e ambição em toda a companhia.

Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/

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